Detesto as cantadas fáceis. Detesto o pouco caso que se dá
aos sentimentos mais importantes que podemos ter. Como é possível reduzir tudo
à comodidade? Pra que diminuir a importância dos outros na nossa vida? Acho que
as pessoas não percebem mais o ridículo de estar com alguém por estar.
Não sou assim, não quero ser.
Conheci alguém especial. A Menina de Charme.
Eu podia ter entrado em mais uma viagem solitária. Sou capaz
de criar lindas fantasias de amor, mas o destino delas é sempre o mesmo destino
dos castelos de areia construídos na minha infância. De uma hora para a outra a
maré muda, as ondas chegam, o castelo tomba e tudo volta a ser nada.
Aí, a Menina de Charme chegou. Olhei para ela duvidando que
ela fosse realmente tudo aquilo que eu estava vendo. Seria possível: juntar tudo,
ou quase tudo, o que eu mais gosto em uma pessoa só!?! Por um tempo achei que
era mais uma historinha, mais uma ilusão, uma mentira que eu mesmo estava
criando só para ter depois do que reclamar, do que me frustrar.
Mas ela foi chegando e eu fui chegando também. E
conversamos. E falamos. E ouvimos. E sorrimos. E beijamos. E...
E quando eu me dei conta, estava com ela ao meu lado. Conversando
mais, falando mais, ouvindo mais, sorrindo mais, beijando mais e tudo mais.
Posso até estar me enganando de novo. Não será a primeira vez,
mas como é bom sentir isso tudo nascendo devagar, sem pressa, com vontade.
Não sou carnavalesco. Não vivo de fantasias. O que não quer
dizer que eu não ame o carnaval ou que eu não curta minhas fantasias... pelo
contrário. O que eu não posso nem me permito mais é viver exclusivamente de
fantasias. Não quero isso pra mim e não quero ser isso para as pessoas. Se o
que estou sentindo agora for só uma fantasia, então é para ser hors concours em
qualquer desfile ou concurso.
Dizia o velho poetinha... “Se o amor é fantasia eu me
encontro ultimamente em pleno carnaval.”
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