O poeta parou um dia para pensar na vida que escolhera para
si. As aventuras e desventuras amorosas dos últimos tempos mexeram com ele. Se por um lado
compreender o que acontecia lhe fazia bem e lhe dava segurança de estar indo
pelo caminho certo, por outro estava cansado de repetir um padrão de
comportamento que não lhe levava de fato a lugar algum.
Pela sua cabeça passaram as cenas do passado, próximo ou
distante. Lembrou-se com do que lhe fez bem em cada menina: um sorriso,
uma palavra, uma atitude, um carinho, um beijo, um sonho, uma noite... se deu
conta de que teve um pouco de cada coisa que mais desejava em cada uma das meninas
que passaram. Riu quando imaginou juntar todas elas para agradecer.
E enquanto pensava percebeu que a menina que ele chamou de
menina de charme ganhava espaço em sua vida. Ocupava vazios de forma plena. Participava
da sua vida de corpo inteiro, sem censuras, sem metades, sem mentiras. Os dois
juntos compartilhavam tudo de forma intensa. Falavam de seus medos sem medo. Discutiam
suas angústias sem angústia. Entregavam-se com uma entrega plena.
Ele já conhecia as brincadeiras do seu coração. Sabia bem
que o amor projetado poderia ser do tamanho que quisesse, mas se não fosse amor
de verdade seria apenas mais uma história, entre tantas. Nem por isso deixou de
acreditar, de viver e de sentir.
À noite, juntos em um sofá, conversando e contando a vida e
tudo o que ela já aprontou para os dois, ele se pegava olhando para ela. Não havia
um sorriso igual ao outro. Não havia uma expressão igual a outra. Ele sempre se
surpreendia. Via nela muito de muitas pessoas que lhe foram importantes e via
mais: via uma mulher capaz de lhe equilibrar da forma que ele tanto queria ser equilibrado e ao mesmo tempo, uma
mulher em busca de equilíbrio. Via-se pronto para tentar ajudar.
As coisas aconteciam no seu tempo, do seu jeito e ganhavam
força. Os defeitos de ambos não passavam despercebidos, mas nenhum dos dois fazia
deles a desculpa ideal para manter distância e evitar o amor. O sentimento bom
era maior. A sensação gostosa de aconchego era mais importante. A atenção que
um dava ao outro, todo o tempo, era oxigênio puro para os dois. E a história
que começou narrada, pressentida e desejada ia ganhando contornos épicos.
Ele pensava: - desta vez é diferente. E lembrava-se das tantas outras vezes em que já havia pensado e dito o mesmo. E ria. Era mesmo diferente? Era mesmo diferente! Havia
encaixe e compromisso em tudo o que faziam juntos. Havia uma vontade grande de
fazer dar certo. Havia compreensão e apoio. Havia cumplicidade.
Uma noite ele disse: - Sempre que eu puder, vou tentar mostrar
outras formas de resolver problemas que evitem conflitos e confrontos. Mas quando você estiver brigando suas brigas, mesmo
que você esteja errada, vou estar do seu lado, apoiando e lutando sua luta.
A consciência da escolha madura de estar com ela implicava
em todos os mesmos riscos que as escolhas infantis traziam. Não bastava querer
dar certo, era fundamental viver cada minuto de forma dedicada.
Os medos dele
vieram à tona antes do momento que costumavam aparecer nas suas relações, mas
dessa vez ele escolheu enfrentar. Ele sabia que os fantasmas poderiam estar por perto,
mas aprendeu que eram só fantasmas – inofensivos, pequenos, tolos e vazios. Os sustos
que as assombrações costumavam dar deram lugar ao riso largo de se descobrir maior
ao lado dela.
Suas histórias serviam para lembrar o caminho que ele teve
que seguir para chegar até aqui. Ele as guardaria com carinho e voltaria para reler
caso houvesse motivo. Suas incompetências emocionais se provaram competentes
quando vistas ao mesmo tempo, da mesma forma e de onde estava.
O poeta não deixaria de ser poeta, mas deixaria de escrever as
curtas histórias de amor porque sabia que eram curtas e que não eram amor. E seguiria acreditando que dessa vez tudo seria realmente diferente.
Encerrado um ciclo na sua vida, sentia-se pronto para
começar outro ainda maior, mais forte e mais importante. E não estaria mais
sozinho no seu caminho.
A história do poeta está apenas começando.
Que bacana ! Toda a felicidade do mundo pra vcs, Eduardo ! Bjs
ResponderExcluirObrigado querida! bjs
ExcluirQue o casal seja muito feliz.
ResponderExcluirAbraços.
Obrigado!!!! abs
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