segunda-feira, 4 de junho de 2012

Desafinado

Confesso que ando meio sem inspiração. As coisas não param de acontecer e eu não paro de encará-las com toda a disposição e intensidade do mundo, mas a Dona Inspiração mesmo não tem me visitado ultimamente.

Depois que voltei de viagem, decidido a abandonar minha vida de vira-lata, já encontrei e conheci um monte de gente. A única coisa que não encontro é meu próprio eixo, mas nem por isso deixo de procurar.

A menina de covinhas decidiu que não quer tentar de novo. Fazer o que? Essa é a nossa história: quando um quer o outro não quer... e vamos de gato e rato até o fim da vida. Fiquei decepcionado, mas não a culpo por isso. Só não gosto de viver as coisas pela metade e ter essa pendência eterna é muito difícil, sempre foi e vai ser sempre.

Mas, incompetente que sou, saí por aí fazendo minhas artes. Encontrei três suplicantes (como diz Maria, uma amiga minha) de uma só vez e agi de formas completamente diferentes com cada uma delas.

Parece música, né? Devia começar com “a primeira me chegou...” mas na verdade a primeira me ligou no dia em que eu tinha decidido não sair de casa. Estava bem no meio dos 13 minutos que separam a minha fome de uma lasanha congelada girando no micro ondas quando meu telefone tocou e ela com voz decidida me disse que precisava sair, tomar um chopp, etc.

Minha vaidade leonina se rendeu fácil às palavras daquela mulher tão linda que dias antes havia me recusado um beijo. Engoli a lasanha e fui busca-la para tomarmos o tal chopp. Seu dia havia sido ruim e eu estava inspiradíssimo. Falei, ri, brinquei, me diverti e a diverti. Fomos cúmplices de histórias engraçadas que trocamos e tivemos uma noite muito agradável. Não busquei um novo beijo e sei que assim deixei a vontade no ar pra quando tiver que ser e, de quebra, devolvi a bola da insegurança.

O problema é que foi bom, muito bom estar com ela. Bom olhar aquela mulher tão linda, adivinhar seus gestos, oferecer atenções, trocar olhares. Foi rejuvenescedor. Lembrei-me dos meus 17 anos e da minha habilidade de então em charmear. Adorei. E como sempre tem o outro lado, resolvi pensar no que isso poderia dar. Fui para o futuro numa piscada de olhos, e antevi umas chateações, quase ouvi: “Puxa, você fuma muito” ou “Você vai beber hoje de novo?” ou ainda “Você só tem amigas mulheres?”. Risos. Confesso que pra ouvir isso tenho que estar muito convencido de que vale a pena e escolhi ficar quieto e deixar as coisas acontecerem.

No dia seguinte: a seguinte.

Eu havia combinado de estar com uma certa “ex”. Querida, próxima, surpreendente e ótima companhia. No horário combinado ela foi me visitar na minha casa. Tinha o show da Legião Urbana na MTV e resolvemos assistir juntos, deitados na minha cama. Claro que não prestou. As pernas se encontraram, os carinhos ganharam forma e logo os beijos, as mãos, os corpos e tudo mais foi se misturando ao som da TV. E também foi bom, muito bom.

O problema é que andar para trás não faz muito sentido. Já tentamos, já não funcionou. Hoje somos pessoas queridas um do outro e isso não pode ser sacrificado por uma relação que a gente já sabe que não vai dar certo. Mas que é bom demais ter uma pessoa dormindo do seu lado depois de uma noite cheia de desejo, ah isso é.

E a terceira... essa veio mesmo direto da letra de Teresinha.

É que eu tinha participado de um dos mais importantes encontros etílicos do ano e, de lá, fui dar uma esticadinha em outro boteco. A terceira simplesmente chegou e ganhou meu olhar e minha atenção como se não houvesse na mesa ninguém mais.

Ela é daquelas pessoas que as pessoas adoram falar mal. Tem sempre alguém pra fazer um comentário ruim ou dizer que soube de alguém que ouviu de um primo que a irmã viu que ela fez alguma merda. Que saco. E quanto mais me dizem isso mais eu gosto e mais me interesso. Pessoas que são alvo de tanta atenção e tempo perdido pelos outros tem muito mais vida e conteúdo do que as que passam pela vida sem viver a própria vida.

A noite correu fácil. Junto com ela, doses industriais de chopp foram convidadas ao encontro. A conversa foi ficando boa que nem história de nordestino e eu fui me perdendo naqueles olhos grandes e a uma certa altura eu já não sabia se estava seduzindo ou sendo seduzido. Acho que os dois e ao mesmo tempo e foi isso o que me encantou.

De repente um beijo cheio de vontade. Como é bom beijar com vontade e seguir beijando até às três horas da manhã sem nem perceber o tempo passando. Se não houvesse tanto chopp no mundo acho que estaríamos conversando até agora. Mas quando o bar fechou as portas fui leva-la em casa e nos despedimos como se não fossemos nos ver nunca mais. Voltei andando pelo meio da rua como deve ser para os boêmios de plantão. Sorrindo. Alegre e leve.

E ontem a vi de novo junto com um grupo delicioso. Gente de sorriso fácil, de bem com a vida e ganhei novos beijos, novos sorrisos e a coisa leve do jeito que não se espera me parece fazer mais sentido hoje do que nunca...

...   ...   ...

Só o que sei é que essa história vai ter continuação. Quando tiver.

Um comentário:

  1. E continuou... de um jeito completamente diferente do que eu imaginava...

    A moça leve do beijo com vontade não deu em nada e nem eu quero jogar com ninguém...

    Mas a primeira que me chegou...ou ligou...chegou de novo e o encanto cresce... depois eu conto!

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