Sinto no ar.
O cheiro das coisas boas vem preenchendo todas
as manhãs dos últimos dias. É um fato: vem coisa boa por aí. Tenho que
respeitar os sinais e eles nem sempre são tão claros quanto eu gostaria, mas
eles estão lá, basta ver, basta me dar conta de que eles sempre chegam antes
para avisar sobre o que está por vir.
Vem coisa boa por aí.
Sentado na minha mesa de trabalho, teclando no computador,
vejo uma borboleta amarela entrar pela janela. Fica apenas o tempo necessário
para ser notada, percebida, admirada, querida e desejada. É um sinal. Sinal de
que os tempos estão mudando. Sinal de que estou encontrando meu ponto de equilíbrio
em mim mesmo e não nos outros. É um sinal.
Penso com vontade em algo bom e sou surpreendido com algo
melhor ainda acontecendo. Saio de casa em dia de chuva e peço um pouco de sol e
ele vem. Sinto vontade de não me sentir sozinho e, no caminho de casa, os
amigos aparecem e me chamam para perto.
Ainda sinto um vazio grande dentro de mim, mas sinto também
que vem coisa boa por aí. Talvez essa seja a melhor maneira de me convencer que
sigo no caminho certo apesar de tantas vezes ter buscado atalhos que não me
levaram a lugar nenhum e ter voltado e começado de novo. Pode ser. Mas mesmo
assim prefiro acreditar que não é só na minha fantasia que as coisas estão
acontecendo. Acredito firmemente que minha única opção é me manter fiel às
coisas que acredito e seguir no caminho que escolhi, certo de que ele me levará ao lugar
que quero, mesmo sem saber qual é.
Sigo escrevendo e me expondo na esperança de que as pessoas
que só me conhecem de “obas” e “olás” entendam o que vai por dentro de mim.
Afinal, minha vida tem tantas histórias e estou tão acostumado a ser julgado e
condenado sem direito de defesa que preciso me permitir um escape, uma forma de
mostrar um “eu” que as pessoas não só não conhecem como também não fazem a
menor questão de conhecer.
Acho que já contei que outro dia um amigo me disse que não
aguentava mais me defender. Achei graça e disse para ele parar de me defender.
As pessoas só falam de mim porque não tem nada para falar delas mesmas ou
porque é mais fácil julgar e condenar do que tentar entender. Mas isso não é um
problema meu, é problema delas.
Não é que eu fique triste ou magoado com a opinião alheia.
Ela pouco me importa na verdade. O que me importa é saber se estou ou não dando
o melhor de mim para as pessoas, se estou ou não botando para fora as coisas
que eu acredito. Ou se, por outro lado, só estou mostrando meu cansaço e
irritação. Não quero fazer isso e não quero deixar de tentar fazer melhor.
Vem coisa boa por aí.
Os últimos tempos não foram fáceis. Muitos baixos e muitas
baixas na vida. Não reclamei com ninguém. Não me fiz de coitado. Não chorei
enrolado nas cobertas a má sorte que me fez companhia por um tempo. Não entrei
em depressão e nem cogitei essa possibilidade. Lutei de todas as formas para me
superar todos os dias e me levantar de novo. Lutei com vontade para ver as
coisas de outra forma e para lidar com o que acontecia de uma maneira sadia,
lúcida, digna.
A vida continua mais dura do que precisava ser, mas a
sensação é de vitória. Sinto que a luta valeu a pena, que escolhi as melhores
armas, que segui minha melhor intuição e que estou cada dia mais perto de um
outro tempo. Tudo isso me ajuda a seguir no caminho.
No campo emocional, sigo incompetente. Sigo com o vazio. Mas
sigo.
Não estou mais parado esperando que o passado bata na minha
porta e me diga que voltou. Isso não acontecerá e nem quero mais que isso
aconteça. Prefiro que o passado fique longe. Só me interesso pelo futuro. Tenho
certeza de que ele guarda o melhor e, por isso, sigo.
Vem coisa boa por aí. Quando chegar, eu aviso.
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