quinta-feira, 21 de junho de 2012

Você tá feliz? (ou Conversando com os meus Botões) II

Tem um tempo e eu escrevi um papo de mim comigo mesmo como uma nota no Facebook e até hoje eu repito este mesmo ritual...

- E aí? Cara tem muito tempo que a gente não conversa. Tô com saudades.
- Oi! Também tô com saudades.
- Me conta. Como estão as coisas pra você?
- Acho que melhoraram. Pelo menos consigo entender melhor o que sinto ou deixo de sentir.
- Você...sempre apaixonado, né? O que aconteceu agora?
- Nossa...tanta coisa desde a nossa última conversa. Conheci muita gente. Tive algumas namoradas mas acabei não ficando com ninguém de verdade. Sigo tentando, mas me sinto meio incompetente.
- Hahahahaha... incompetente!?! Só você! Por que você se acha incompetente?
- Porque as vezes encontro uma pessoa que encaixa completamente nas coisas que eu acredito e quero para a minha vida e mesmo assim as coisas não vão em frente do jeito que eu imagino.
- Não sei se entendi. Por que não vão em frente?
- Por que?... sei lá...não vão...
- Ei, é comigo que você tá falando...se abre. Por que é que você acha que as coisas não andam dando certo?
- Bom.. você lembra da última vez que a gente se falou? Eu tinha uma história complicada na vida, etc...
- Claro que lembro. Você ficou muito mal. Quase não segurou a onda...
- Pois é. Como te falei, eu acreditei que ela fosse ser a mulher com quem eu passaria o resto da minha vida e por conta disso, abri mão de tudo. Pedi até desculpas pelo que não fiz. Fiquei mal. Bebi muito. Fiz um monte de bobagem e estava disposto a abrir mão de tudo aquilo que eu sou só para estar perto dela mas nada disso adiantou.
- Eu sei cara, foi duro mesmo. Lembro de como você ficou e o tanto que você sofreu...
- Depois, algumas vezes, trocamos alguns e-mails. Ela me dizia que queria ser minha amiga e que as expectativas estavam fora de questão e eu não conseguia entender nada. Antes ela me dizia que precisava se resolver sozinha e que precisava ficar longe e quando veio para perto queria continuar me mantendo longe. Foi duro pra mim. Não conseguia encontrar sentido nem no que ela falava e nem em tudo que eu sentia.
- E não era pouco né?
- Não. Não era pouco. Era muito. Era mais do que eu podia controlar. Era uma explosão de sentimentos e de paixão como nunca achei que eu pudesse sentir na vida.
- E de lá pra cá... como você ficou?
- Fique muito mal. Mal de verdade. Chorei, escrevi, bebi, me reduzi a uma pessoa que eu já não reconhecia mais e que não gostava mais. Fiquei muito perto de uma depressão barra pesada e não tinha com quem compartilhar.
- Mas você não me parece tão mal hoje.
- É que depois de muito chorar e muito sofrer resolvi que eu precisava buscar um caminho para seguir a vida. Consegui tirar uns dias de férias e fiz uma viagem sozinho comigo mesmo. Foram quinze dias em que eu fui a lugares lindos, parando onde eu queria, vendo as paisagens que eu queria e conhecendo as pessoas que me chamaram a atenção.
- Mulheres novas?
- Não... não queria nenhuma situação que me colocasse em cheque. Queria ficar sozinho e queria que isso fosse o bastante para mim. Levei um livro que não li. Não entrei no computador. Não busquei nenhuma saída fácil. Fui curtir a vida. O nascer e o por do sol. Os dias lindos e os dias de chuva. As praias e as montanhas. Foi uma viagem pra dentro de mim e não para fora. Não quis, nem pensei em estar com ninguém que não fossem as pessoas que apareceram no caminho. E quem apareceu só me fez bem. Gente que me falava sobre lugares que eu precisava conhecer ou cuidados que eu precisava ter. Mas nada de paixões, amores, tesões, mulheres pra passar o tempo...nada disso. Fui só eu e eu mesmo.
- Entendo... e foi bom?
- Foi... Entendi que eu depositei sobre ela toda a fantasia do mundo mas que nunca conheci aquela mulher. Tudo o que imaginava cabia nela e ela se esforçou pra caber na fantasia, mas ela nunca conseguiu ser de verdade comigo. Acho mesmo que ela mentiu muito para mim porque era o jeito dela ser ela já que não tinha coragem de ser ela mesma para mim. E, em algum momento, ela desistiu disso e resolveu ir pra bem longe. Fugiu dela mesma ou do que poderia ser e foi viver as fantasias dela o mais longe possível.
- Isso faz sentido...se ela fosse ela mesmo, talvez você não a quisesse... é por aí?
- Hahahahaha... é o que eu acredito que ela acreditava. Acho que ela pensava que eu não sabia quem ela era, pra onde ela estava indo, o que queria de verdade...mas eu sempre vi tudo isso no olho dela e mesmo assim estava disposto a viver do lado daquela mulher pra sempre. Sempre achei que era questão de tempo para que nós dois fossemos nós de verdade. Mas acho que ela nunca entendeu isso.
- Mas não foi pra isso que você foi viajar...foi?
- Não. Fui viajar pra deixar esse sentimento ir embora. Entender que ela era feita só de fantasia. Nada nela nunca foi de verdade. Ela nunca teve coragem de ser de verdade. E viver uma mentira não é pra mim é pra gente covarde que não encara a vida. E, por isso mesmo, não estava mais disposto a esperar o sentimento se resolver sozinho.
 - Mas você teve um monte de gente...nunca esteve sozinho...
- Nisso você se engana... tentei encontrar nas outras pessoas a fantasia que coloquei nela e, depois de algum tempo, sempre me frustrava porque as pessoas de verdade são de verdade e eu estava procurando a fantasia... sempre estive sozinho nessa busca e era isso o que eu precisava entender na viagem.
- Bacana... difícil chegar nessas conclusões todas...e hoje? como você está?
- Continuo sozinho mas me conheço muito melhor. Entendo melhor o que eu senti. Entendo melhor o tanto que deixei de viver. Me entendo melhor...
- Fico feliz por você. Mas você nunca esteve sozinho...estou sempre aqui...
- Eu sei e isso é muito importante pra mim... mas não é disso que estou falando. Estou falando de construir sentimentos e relações...
- Entendo... mas não basta aprender... tem que viver a vida e isso não acontece do dia pra noite.
- É amigo... é isso... mas de vez em quando bate uma tristeza...
- Isso passa...tem que passar...

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