sábado, 26 de maio de 2012

Angra II

O simpático Elthon me disse que havia um passeio saindo as 11h da própria pousada e que um casal hospedado aqui iria e talvez um outro cara (gringo). Me animei e resolvi sair de barco. A essa altura já tinha feito amizade com o casal de Fortaleza e com os americanos, um casal de idosos simpáticos e seu filho que trabalha numa multinacional em São Paulo.

As 11h em ponto o barco encostou no pier e entramos no Mustang (nome do barco). Cumprimentei o "capitão" enquanto entrava e logo que saímos resolvi bater papo com ele. Seu nome: Albano. O cara sabia tudo sobre todas as ilhas e sobre Angra também. Ia comentando uma a uma e acrescentando uma certa dose de cultura inútil ao mencionar de quem era cada casa ou cada ilha. Inútil porque apesar de ser interessante não vai me ajudar em nada...e porque eu estava muito mais preocupado em curtir os peixes e em procurar tartarugas do que em saber que a Xuxa vendei aquela casa e que o Luciano Huck tem uma outra, toda irregular, do outro lado, etc.

O barco parou primeiro nas Ilhas Botinas que eles dizem ter o formato de botas mas que, honestamente, precisa ter muita criatividade para se ver isso. O que também não fez nenhuma diferença. Vesti a máscara, o snorkel e o pé de pato e comecei a nadar pelas águas transparentes do lugar. Vi muitos peixes, uma quantidade impressionante mas uma variedade que não impressiona. O gostoso era estar com a máscara e flutuar nas águas claras ouvindo a minha própria respiração. O mundo do outro lado fica do outro lado... deve ser como entrar no espelho de Alice... muda tudo e tudo é completamente diferente desse outro lado do espelho. Me lembrei feliz do prazer imenso que tenho em mergulhar mesmo sem fazer isso há tanto tempo.

De volta ao barco e rumo a outras ilhas e praias fiquei conversando com Albano que contava entusiasmado sobre a sua vida. Ele tem sete filhos e treze netos, todos criados com seu esforço e dedicação. Ficou viúvo da primeira mulher e teve todas as dificuldades do mundo em ser pai e mãe ao mesmo tempo e seguia contando detalhes da sua vida que eu ouvia com atenção e absorvia devagar. Cada história do Albano era como uma lição de vida. De tudo ele tirou os ensinamentos que ele tentava passar nas suas histórias.



Me vi diante de um cara sábio. Simples e sábio. Que sabe viver a vida com um sorriso no rosto, aproveitando o que de melhor a natureza tem para oferecer e generosamente oferecendo sua vida como exemplo. Coisa boa. Gente como o Albano é rara e é preciso prestar atenção nelas.

O passeio foi ótimo. No final o casal de Fortaleza disse que sairia numa lancha rápida no dia seguinte e eu fiquei me perguntando para que uma lancha rápida se a velocidade do Mustang era excelente para o meu ritmo de viagem...

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