A viagem me fez entender o que eu estava fazendo comigo mesmo. E foi assim que percebi que depois de sair de um casamente de 15 anos que me deu muitas coisas boas (principalmente minha filha como presente maior) e acabei entrando em um relacionamento onde escolhi colocar todas as minhas fantasias guardadas por tanto tempo.
O terreno era fértil para isso. A mulher que escolhi para ser minha namorada pós-casamento também é do ramo da fantasia. Com ela as loucuras pareciam mais divertidas e todas elas faziam sentido. Podíamos mergulhar num precipício sem perder o riso largo na boca só por compartilharmos o mesmo nível de loucura. Dormíamos juntos e ao acordar podíamos comentar um o sonho do outro. Criamos uma cumplicidade que parecia muito com amor, mas não era. Era vício mesmo.
Depositamos um no outro todas as fantasias e expectativas emocionais, sem nenhuma restrição. Nos permitimos esperar do outro a compreensão total de tudo. Acreditamos que juntos éramos maiores, mais fortes e mais sãos. E eu me entreguei de olhos fechados, sem medir consequências àquilo que me parecia ser o último dos meus relacionamentos nessa vida.
Mas essa mesma vida segue seu rumo e não dá pra viver só de fantasia. À medida que o tempo passou e que encaramos a realidade do cotidiano percebemos também as nossas diferenças e começamos a frustrar um a expectativa do outro e foi assim o início do fim.
As discussões e desencontros tiveram um imenso impacto nos dois. De um lado, minha busca pelo acerto e pelos acordos que pudessem transformar um momento ruim em um aprendizado para os bons momentos que deveriam vir depois. Do outro lado, mágoa pelas frustrações que se traduzia em distância e em medo. Como resultado, fomos cada um pra uma direção diferente. Era o início do fim.
Mesmo assim o vício continuava presente. Eu viciado nos momentos que tive ao lado dela e ela viciada sei lá em que, mas louca pra se curar e canalizando todas as frustrações do momento que vivia na nossa relação. Virei uma espécie de bode expiatório do seu momento, da sua vida.
E, depois, na busca da minha cura encontrei pessoas maravilhosas e cometi o meu pecado maior: depositei em cada uma delas as mesmas fantasias que não haviam funcionado antes. Era como se eu simplesmente estivesse trocando a pessoa e tentando manter (ou resgatar) os sentimentos que tive com ela. Não podia dar certo e eu não entendia porque não dava certo.
Ontem, ouvindo o show do Wagner Moura com a Legião Urbana prestei mais atenção do que nunca na letra da música Ainda é Cedo.
Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei Era quase escravidão Mas ela me tratava como um rei Ela fazia muitos planos Eu só queria estar ali Sempre ao lado dela Eu não tinha aonde ir Mas, egoísta que eu sou, Me esqueci de ajudar A ela como ela me ajudou E não quis me separar Ela também estava perdida E por isso se agarrava a mim também E eu me agarrava a ela Porque eu não tinha mais ninguém E eu dizia: - Ainda é cedo cedo, cedo, cedo, cedo.O que eu não comecei
E o que ela descobriu
Eu aprendi também, eu sei
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém
Ela me disse: - Eu não sei mais o que eu
sinto por você.
Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.
cedo, cedo, cedo, cedo.
Sei que ela terminou
O que eu não comecei
E o que ela descobriu
Eu aprendi também, eu sei
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém
Ela me disse: - Eu não sei mais o que eu
sinto por você.
Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.
E o que ela descobriu
Eu aprendi também, eu sei
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém
Ela me disse: - Eu não sei mais o que eu
sinto por você.
Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.
E eu dizia: - Ainda é cedo
cedo, cedo, cedo, cedo.
cedo, cedo, cedo, cedo.
...
Foi mais ou menos assim. A única grande diferença é que não foi tão cedo assim e nem ela me ensinou quase tudo o que eu sei.
E segue o baile...
Estou adorando ler e acompanhar cada trecho das suas férias Edu. Você escreve de maneira fácil e envolvente, deixando sempre o gosto de "quero mais ". Parabéns mais uma vez! Ainda é cedo...Vou seguir curtindo cada parágrafo de seus textos. Beijos
ResponderExcluirQuerida, obrigado pelos elogios que me estimulam a continuar contando minhas incompetências. bjs
ResponderExcluir