Uma das
coisas que eu realmente gosto é de ser quem eu sou. Passei boa parte da minha vida ouvindo um ou outro
me dizendo como eu devia ser, o que falar, como me vestir, quando calar e
quando responder e por aí vai. É impressionante como as pessoas gostam de
tentar impor regras na vida dos outros. Comigo nunca funcionou muito. Meu pai
dizia que por um lado eu era muito bem treinado e por outro que eu nunca
conseguiria entender a diferença entre o Rio e São Paulo. Claro que eu entendi
cedo, mas nunca fiz questão de me adaptar às regras paulistanas do bom
convívio, rumo ao sucesso social. Detesto a ideia de que você tem que ser assim
ou assado para: “se dar bem”.
Sempre
gostei de me vestir mais largado. Menos camisinha de grife, calça na medida,
sapatos lustrados e etc. Nunca me vi nesse papel de Mauricinho paulistano, nem quando
eu morei em São Paulo e, honestamente, isso nunca fez nenhuma diferença na
minha vida. Pelo contrário, as pessoas sempre souberam que eu era “o carioca” e
isso me dava a liberdade de ser quem eu sou, do jeito que gosto de ser.
Mas hoje,
isso não é um problema. A questão é me comportar assim ou assado porque é o que
esperam de mim. Putz, que perda de tempo. Tem um lado meu que parece ansiar
pelas regras que querem me impor... tipo: fala aí...como é que você quer que eu
seja...e é só dizer pra eu me comportar de um jeito diametralmente oposto. Não
é pra ser do contra, mas é porque me parece absurdo que as pessoas queiram
todas participar do mesmo rebanho com o mesmo jeito, mesmo discurso, mesmas
roupas, etc. Detesto me sentir parte do lugar comum. Passei minha vida inteira
pensando, refletindo, analisando, observando pra de repente me tornar apenas “mais
um”. Nem consigo imaginar (nem quero) o que é ser “mais um”.
E por ser
assim, sempre paguei meu preço. Aprendi cedo que devia ser mais intolerante
comigo mesmo do que com os outros. Claro que na adolescência era o contrário,
mas aprendi que eu não ia jamais mudar ninguém a não ser eu mesmo. Parei de
julgar e parei de esperar dos outros o que não era deles, mas fiquei com a
sensação de que “os outros” faltaram nessa aula. Que mania que as pessoas têm
em me julgar e me dar ordens. Pra que? Será que até hoje elas não aprenderam
que não adianta nada? Não é que eu faça parte da turma do “eu sei errar sozinho”,
mas tenho excelente noção das coisas que faço e as razões que me levam a fazer.
Não sou nenhum inconsequente.
Mas ainda me
aborreço com algumas coisas e isso me faz reagir de uma maneira muito mais
agressiva do que deveria. Por exemplo: se no trabalho alguém insiste em desconhecer
o óbvio e a agir de forma absurda perco as estribeiras, como diria meu pai.
Juro que eu conto até dez, finjo que não entendi, me faço de idiota, mas tudo
isso é inútil contra a burrice. Burrice é o meu demônio. Tenho horror a gente
burra. Não qualquer burro, o que me incomoda é o burro orgulhoso de ser
burro...o povo que sabe errar sozinho.
É assim
também nas minhas relações. Por que tentar fazer o outro ser do jeito que você
imaginou? Por que culpar o outro pelas suas expectativas frustradas? Se o nome
disso não é burrice não sei que nome tem.
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